No dia 1º de abril de 2014 o poeta, Marcos
Passos, irmão da professora Cármen Beatriz Passos, veio à Escola Brigadeiro
para dar uma aula-show sobre poesia. Ele e a professora Cármen fizeram um
passeio pelo fenômeno poético da região do Sertão do Pajeú. Os dois expuseram,
através da poesia, toda a riqueza do Sertão.
Mostraram aos alunos que lá não tem só miséria, seca e privação.
Exaltaram a “força do pensamento de quem sabe improvisar”, a inspiração do
sertanejo diante das dificuldades e também diante da beleza que a chuva para a
região.
O belíssimo poema, de Lamartine Passos,
define bem o Sertão:
Côco de Roda
Quem
foi que disse
Professor
de que matéria
Que
o sertão só tem miséria
Que
só é fome e penar
Que
é a paisagem
Da
caveira duma vaca
Enfiada
numa estaca
Fazendo
a fome chorar.
Não
pode nunca imaginar
O
som que brota
Da
cantiga de uma grota
Quando
chuva cai por lá
O
cheiro verde
Da
folha do marmeleiro
E
o amanhecer catingueiro
No
bico no sabiá.
Tem
mulungu do vermelho
Mas
vivo e puro
E
tem o verde mais seguro
Que
tinge os pés de juá
A
barriguda mostrando
O
branco singelo
E
a força do amarelo
Na
casca do umbu-cajá.
Criou-se
o estigma
Do
matuto pé de serra
Que
tudo que fala erra
Porque
não pôde estudar
Só
fala versos matutos, obsoletos
Feitos
por analfabetos
Que
mal sabem se expressar.
Falam
no sul com deboche
Que
isso é cultura
De
só comer rapadura
Como
se fosse manjar
Saibam
que aqui
tem
abelha de capoeira
E
o mel da flor catingueira
É
mais doce que o mel de lá.
Temos
poesia que exalta
O
que é sentimento
E
a força do pensamento
De
quem sabe improvisar
Tem
verso livre
Tem
verso parnasiano
E
mesmo longe do oceano
Tem
galope à beira-mar.
Zefa
Tereza me ensinou
Que
prum caboclo
Entrar
na roda de côco
Tem
que saber rebolar
Soltar
um verso na roda
Que
se balança
E
no movimento da dança
Fazer
o côco rodar!
Lamartine Passos